domingo, 2 de outubro de 2011

Psicose Conto Partilhado

Psicose

Rafaela estava sozinha em casa.
Pensava no que faria para o jantar. pois o marido iria chegar mais tarde.
Ela já ligara para o celular de Marcelo bem umas seis vezes hoje.
Eram casados os dois, tinha quase um ano.
Deixar o emprego foi uma decisão precipitada, agora ela roia as unhas quase o tempo todo.
O marido, por sua vez, pensava consigo:
_Se ela não arranjar um emprego logo,  eu vou me atirar da ponte.

Marcelo ia a caminho de casa, e pensava." E agora, o que vamos fazer ? As contas para pagar aumentam, ela deixou o emprego, e eu vou ser despedido. A mãe da Rafaela quer fazer uma operação de mudança de sexo e conta com o dinheiro da filha - que não existe. O nosso cão precisa de uma operação à próstata. O carro está velho. Precisamos de dinheiro urgentemente. Vou pedir algum ao Sr. Maffiosini, ele parece simpático e generoso, gosta de ajudar as pessoas..."

Talvez tenha sido milagre, mas quando Marcelo abriu a única carta que tinha debaixo da porta ficou boquiaberto e completamente incrédulo, acabavam de lhe comunicar a morte de um tio podre de rico, de quem ele era o único herdeiro! Saíra-lhe a sorte grande! Chamou por ela e pelo cão, com o coração a bater a duzentos à hora, correu para eles, pegou nela ao colo e disse, entre risos e soluços: - Vamos ser felizes!

 O cão Gerónimo, aos pulos, também queria ir para o colo do seu dono. "Sim, sim, vamos ser felizes, eu esperava este momento há tantos anos". Em um dos saltos, Gerónimo conseguiu morder o rabo de Rafaela, que caiu estatelada no chão, após o que noutro salto, ficou ao colo de Marcelo. "Vamos ser felizes!".

O dinheiro não traz felicidade, pensava Rafaela, só um cão e um homem podem pensar semelhante coisa! Agora a minha mãe vai ficar meu pai, eu vou ocupar o tempo a cuidar de animais abandonados, o Gerónimo vai ser operado à próstata e vai gostar de cadelas novamente, Marcelo vai comprar um carro novo e ainda vai emprestar dinheiro ao Sr. Maffiosini para este casar a filha. Ser rico também é complicado, os outros invejam-nos, temos de controlar os gastos e pensar no futuro, para não nos tornarmos em novos pobres.

Faremos todas as viagens, comeremos em todos os restaurantes da moda, passaremos nossas féria em Nice, na França.
Agora todo dia inventamos um novo estímulo para levantamos da cama.
Que porcaria isso de perseguir a felicidade.
Estamos agora como queríamos e o que mais falta?!
Outro dia Marcelo  me veio com uma ideia, quer ir ao Tibét, onde o frio mata só de pensar, a comida escassa e dorme-se quase sem coberta.Vamos alcançar o nirvana por coisas banais e bobas, como o simples ato de respirar. Coisa que se pensar bem a fundo, nem precisa de dinheiro para faze-lo.
É a vida, sendo descobertas por idiotas que acreditam em tudo.


Guerreira/JN/AA e PaulaJ 

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