sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O Engano...Por Hilda Milk

O Engano
  O carcereiro se aproxima da cela e diz:
_Visita para Manuel Costa
Passos lento pelo grande corredor da prisão
O detento segue o guarda como se fosse um autômato
Nem se dá ao trabalho de perguntar quem é a pessoa que o viera visitar pois
a vida parece ter abandonado no dia em que matou Helena
Agora não havia nada dentro daquele homem, nem raiva, nem amor, nem dor e nem alívio, só vazio, um grande e enorme vazio.
Quando entra na sala de visitas é que vê Carolina, a amiga e moradora nos fundos de seu quintal de longa data.
_Como vai Manuel, meu amigo?
Está precisando de alguma coisa?
Trouxe-lhe cigarros e um bolo que de tão revirado na revista, virou farofa.
Lamento muito o acontecido...
Manuel  só movimenta a cabeça em sinal que estava tudo bem. Agradeceu os cigarros e o bolo
_Conversa comigo Manuel,por favor.
Quero entender o que houve homem de Deus!
Voces estavam tão felizes e o casamento marcado para aquela semana fatídica.Devo dizer que ninguém entendeu absolutamente nada do que houve.
A Helena não cabia em si de tanta alegria. Vocês brigaram?
Porque estragou sua vida cara! Porque a matou!
Contratei um bom advogado para você porém, precisas ajudar.
Seu julgamento está próximo, senão cooperar vai pegar pena máxima.


Esta é uma daquelas histórias que  começam pelo fim.
O sujeito matou a mulher com quem ia se casar e agora, estava a espera do julgamento.
_Não me importo mais ,matei a mulher que amava e morri também com ela.
_Mas por que fez isso homem!?
_Quando eu sai de casa  para o trabalho naquele dia percebi que Helena estava com a meia  da perna direita furada,ainda fiz um comentário a este respeito,me despedi e fui para meu trabalho normalmente porém, chegando lá dei pela falta de uns documentos que havia deixado em casa.
Liguei para casa várias vezes e ninguém atendeu. Esperei até a hora do almoço pois com este transito infernal, eu perderia muito tempo.Quando na hora do almoço eu cheguei de volta em casa ela me esperava contente como sempre.Perguntei-lhe se havia saído ela respondeu que não ,deu-me um beijo e foi pegar a comida na cozinha.Quando ela se virou percebi  a meia furada novamente,só que estava na perna esquerda agora.Aquilo foi um impulso ,levantei fui até meu quarto peguei o revolver e descarreguei nela.
Antes de cair ela me olhou com os olhos marejados e falou num sussurrou._Por quê?!
Disse-lhe que nunca admitiria que me traísse.
_Achou que ela te traiu por causa da meia trocada? Porque ela disse que não havia saído?
Eu sei por que a meia estava trocada e sei por que ela te disse que não havia saído.
Estávamos juntas aquela manhã. Ela não havia te mentido moro no mesmo quintal que vocês.
E quanto a meia trocada, eu tinha um par delas,lindas por sinal, que não me serviu e Helena experimentou  para ver se lhe servia e distraída como era,deve ter posto as meias trocadas.
Custo a crer que tenha sido este o motivo do assassinato. Ela estava tão feliz com o casamento e quando soube que  estava grávida então... Ia te contar aquele dia.
Por um momento os olhos de Manuel parecem faiscar... Ia ser pai... Soube quando recebeu o resultado da pericia médica
_Helena era prostituta desde os treze anos e foi assim que a conheci Carol.
Fugiu de casa ainda menina,pois sofria abuso dos pais alcoólatras,segundo me contou ela  morou algum tempo na rua até que,sem muita opção, começou a se prostituir.
No nosso terceiro contato já tinha certeza que gostava dela. Perguntei-lhe se queria largar "aquela vida".ela acenou que sim mas teria que acabar seu curso de esteticista ainda,pois do contrário não teria como se sustentar.
_Eu te sustento até acabar se você aceitar morar comigo. Quer?
_Precisa de mulher pra que?!
_Boa pergunta.Deu um leve sorriso
_Não sei,gosto de você.Sou solteiro faz tempo.Se tentarmos quem sabe pode dar certo.E se não der,cada um volta a cuidar da própria vida.
Ela aceitou com alguma reserva no princípio.Depois de algum tempo os dois não se agüentavam mais de tanto contentamento um com o outro.
pedi-lhe que não contasse a ninguém que era prostituta e ela concordou de imediato, afinal isso não era coisa que se tivesse orgulho.
Minha casa era simples, mas para ela era um palácio.Não tenho "grandes dinheiro." ela me achava rico.
Gostava de sua vós suave, seu andar, suas mãos, seu cheiro.
_Você a matou... Ainda não entendo a razão.
_No dia que lhe dei o anel de noivado a fiz prometer que nunca me enganaria. E ela me jurou que jamais me seria infiel.
Quando ela me disse que não havia saído naquela manhã e juntando o fato de ter trocado a meia, não tive dúvidas, ela estava me traindo sim.
Muito desolada Carolina conclui
_Que coisa triste Manuel! Você na verdade não esquecia que ela era uma prostituta, não? Podia que ninguém de sua família ou amizade soubessem  porém, você sabia.
_Sim e foi por isso que eu a matei, por não esquecer que ela havia sido uma prostituta.
_Acabou a visita, vamos. Disse o carcereiro.
Os dois amigos se despedem e Carolina promete voltar.Manuel não se importa se ela volta ou não.Sua vida acabou.
Carolina sai triste e pensativa.
Helena  dizia que o que estava vivendo era um conto de fadas e Manuel era seu príncipe.
Ela sabia que a amiga havia sido prostituta.Esta contou-lhe uma vez em confidencia. A principio, ficou  tensa com esta revelação,afinal nunca conhecera uma puta tão de pertinho porem, não demorou muito para relaxar na presença de Helena, que era mesmo um encanto de moça,ela não tinha aquela malicia peculiar as profissionais do sexo.E acima de tudo, amava Manuel com verdadeira devoção.
O pobre Manuel agora terá bastante tempo para se arrepender.
**********************Fim****************************
 

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