quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Presépio Da Julia Ramalho...Por Paula Justiça


O Presépio Da Julia Ramalho

Era uma vez um presépio da Júlia Ramalho, que foi deixado por um senhor lisboeta na cadeira de uma mesa de café e que foi levado para casa pelo casal que se sentou na mesma mesa depois dele se ter ido embora. O presépio foi colocado na mesa pequena, encostado à parede, num canto da sala, e nunca mais ninguém se lembrou dele. Uma semana antes do Natal, quando os miúdos decidiram finalmente enfeitar a árvore, resolveram pegar nele para o colocarem perto dela. Deviam ter reparado que não tinha pó, que brilhava, que estava mais limpo do que tudo o resto, numa casa em que ninguém ligava aos pormenores da vida quotidiana, nem mesmo a mãe, que acabara de comprar uns óculos que a deixavam ver tudo nitidamente, até o pó! Aliás, quando ela chegou a casa, reparou logo no presépio e perguntou-lhes quem é o que o tinha limpo, pois até reluzia enfiado numa sala coberta de pó! Eles ficaram pasmados a olhar para ela, nunca lhes tinha perguntado nada semelhante, nunca se preocupara com a limpeza ou o arrumo da casa, sempre os tinha deixado à vontade para terem o quarto onde dormiam de pernas parar o ar! É claro que sem os pais se incomodarem o que se fazia não tinha a mesma piada, então decidiram entre si arrumar o quarto à vez, tal como faziam com tudo o resto, a comida, lavar a louça, pôr a roupa na máquina e a secar, esticá-la bem na corda ainda molhada, para não terem de passar a ferro depois de tantos cuidados. Nunca tinham percebido porque que é que ninguém em casa se preocupava com essas tarefas a não ser eles, por isso desde cedo que as assumiram e que dividiram os encargos, para nenhum deles ficar mais cansado com a vida doméstica do que os outros.
Todos os anos, no Natal, tinham prendas de outro mundo, que realmente caiam num saco de natal pela chaminé da lareira da sala, tal como devia acontecer em todas as outras casas. Mas eles sabiam que o pai Natal era uma invenção dos criadores da coca-cola e dos centros comerciais, que não ìa sequer às outras casas e que muito menos se penduraria numa chaminé para empurrar o saco das prendas lá para dentro! Na realidade, com eles acontecia isso, não eram os pais, sempre aluados, que se apercebiam do Natal e de que deveriam comprar prendas para aqueles miúdos tão atinadinhos, que nem sequer pareciam filhos deles! Sim, deviam sair aos avós, bisavós, ou trisavós, ou talvez aquela tia afastada do pai que depois de enlouquecer decidiu que lhe competia a tarefa de limpar todo o manicómio, o que ainda hoje continua a fazer. Como o pai Natal sabia que estes três irmãos eram realmente boas pessoas e mereciam ser recompensados, todos os anos lhes deixava como prendas o que eles desejavam e ainda uma pequena surpresa, que geralmente aparecia antes do Natal. No ano anterior tinha sido uma ninhada de gatinhos, que apareceram no primeiro dia de férias no quintal, sem a mãe nem ninguém que a substituísse, tendo sido todos recolhidos e tratados quase como bebés humanos. Ali andavam os três gatarrões a roçar-se na árvore e a tentar derrubas as bolas dos ramos mais baixos, tão lindos que eles estavam, ninguém diria que eram os mesmos ratinhos que no ano anterior miavam desalmadamente no jardim!
Este ano ainda não tinha acontecido nada de extraordinário, apesar dos miúdos estarem desejosos que chegasse a noite de Natal para abrirem as prendas e de todos os dias esperarem por uma novidade. Como se deitavam antes de meia noite não se tinham apercebido do movimento que a sala ganhava a partir dessa hora, quando os bonecos do presépio saiam da casota e vinham cá para fora viver a segunda vida deles. Sim, que a primeira os confinava à casota de barro, onde tinham de ficar eternamente estáticos, a não ser que passasse da meia noite e não houvesse nenhum adulto por perto. O primeiro a acordar era o menino, os outros chamavam-lhe Jesus, rebolava na palha e começava-se a coçar, era alérgico à palha, por isso passado cinco minutos de ter acordado já estava cheio de bolhinhas vermelhas. A mãe acordava com o filho a coçar-se e pegava logo nele ao colo, para ele sossegar. De seguida, era o pai adoptivo que deixava cair o cajado, estremecia e acordava também, soltando um longo suspiro, que fazia com que o burro ficasse espantado com o barulho e se levantasse de um pulo! A vaca, mais refastelada do que os restantes habitantes do presépio, custava-lhe mais a arrebitar, tinha a mania que era indiana e que devia levar uma boa vida, de modo que não se esforçava para nada de nada. Mesmo assim, todos juntos divertiam-se bastante, pois a noite era passada a tentarem encontrar comida e bebida, a subirem a cadeiras, a mesas e armários, a jogarem com os berlindes dos gatos e a brincarem com eles às escondidinhas. Os gatos adoravam estes novos inquilinos e por isso todos se escondiam debaixo dos armários antes da meia noite, para não correrem o risco de serem enxotados da sala para fora!
Na segunda-feira antes do Natal, o mais novo dos miúdos levantou-se a meio da noite para vir ao Quarto de banho e foi nessa altura que ouviu os gatos a rebolarem nos tapetes da sala. Foi-lhes Abrir a porta, pensando que tinham ficado lá presos, mas quando a abre fica boquiaberto, porque no tapete estavam todas as felinas do presépio, a jogarem à macaca nos quadrados do tapete, e os gatos a rebolarem-se ao lado, como se todos fossem já grandes amigos! Depois de todos recuperarem do susto, o miúdo disse: quem é que está a ganhar? Sou eu, disse Jesus, por isso ganhei a estrela, a que está no cimo de presépio, mais umas jogadas e é tudo meu, a cabana, o berço e o resto da sala. És tu que fazes os milagres?, perguntou-lhe o miúdo. Acho que não, disse Jesus, ou pelo menos ainda não me ensinaram a fazê-los, apesar do meu pai adoptivo passar o tempo a dizer que é um milagre estarmos vivos, mas tenho a certeza que não fui eu a fazer esse milagre. Não, ele ainda não fez milagres, respondeu a mãe, pois nem o vinho e o pão ele multiplica, quanto mais curar os cegos e fazer andar os paralíticos! Ai são esses os milagres?, perguntou o miúdo, espantado, mas isso é tão fácil de fazer no mundo virtual, porque é que ele não vai pala lá aprender? Todos ficaram curiosos, até os gatos, que nunca se tinham apercebido que os tês miúdos estivessem a fazer milagres quando jogavam no computador. Sim, estamos, assegurou o miúdo, só não conseguimos trazer do mundo virtual pala o real. Quando chegar a época da nossa hibernação, podes levar-nos para o mundo virtual, para continuarmos a viver?, perguntou o José, insatisfeito com a sorte que lhe cabia. Posso tentar, opinou o miúdo, mas quando é que isso vai acontecer, vocês hibernarem? Depois dos reis, respondeu José, quando me trazem as prendas a mim, depois do pai Natal trazer as vossas.
Tanto eu gostava de saber quais são as nossas este ano, exclamou o miúdo. Se me pedires com meiguice eu conto-te o que é que ele te vai trazer, sei isso por intuição, mas tenho acertado sempre, acrescentou a mãe. Diz-me, por favor, diz-me! Para ti vai trazer uma vassoura do Harry Potter, para a tua irmã uma varinha mágica e um manto de tornar as pessoas invisíveis, para o teu irmão um capacete virtual, para poder viver tudo o que não pode no mundo real. Como o irmão mais velho tinha uma doença que não lhe permitia andar sem cadeira de rodas, o miúdo emocionou-se e achou que o Pai Natal este ano se tinha esmerado, aliás, como podia ele saber que o seu maior desejo seria voar de vassoura por cima dos prédios da cidade! A Vassoura voa mesmo, não é daquelas de fingir? Não, não é, é das que podes usar mesmo fora do mundo virtual, porque não é preciso te carta para andar de vassoura nem tens sequer de estudar o código, por isso todos podem vassourar, tens é de treinar pertinho do chão antes de te aventurares, que aquilo não tem pára-quedas! Mãe de Jesus, és tu a Maria Madalena? Não, sou só a Maria, a Madalena ainda não nasceu, Jesus vai apaixonar-se por ela e ela vai dar o nome a uma praia de Gaia, depois de ter ido pala lá morar e ter tido a ideia de criar uma ciclo via de Espinho até ao Porto. Ina, as coisas que tu sabes! Posso chamar os meus irmãos? Sim. claro, e o miúdo foi aos pulos pala o quarto, feliz por já saber que prenda de natal iria te e por te sido o primeiro a deparar-se com a surpresa deste ano. Acordou os irmãos e até aos Leis passaram a dormir de manhã em vez de o fazerem durante a noite, para desfrutarem da companhia dos habitantes da cabana. O miúdo não conseguiu levá-los pala o mundo virtual, mas criou avatares iguaizinhos a eles e criou um presépio no Open Sim.
Na segunda-feira antes do Natal, o mais novo dos miúdos levantou-se a meio da noite para vir ao Quarto de banho e foi nessa altura que ouviu os gatos a rebolarem nos tapetes da sala. Foi-lhes Abrir a porta, pensando que tinham ficado lá presos, mas quando a abre fica boquiaberto, porque no tapete estavam todas as f do presépio, a jogarem à macaca nos quadrados do tapete, e os gatos a rebolarem-se ao lado, como se todos fossem já grandes amigos! Depois de todos recuperarem do susto, o miúdo disse: quem é que está a ganhar? Sou eu, disse Jesus, por isso ganhei a estrela, a que está no cimo de presépio, mais umas jogadas e é tudo meu, a cabana, o berço e o resto da sala. És tu que fazes os milagres?, perguntou-lhe o miúdo. Acho que não, disse Jesus, ou pelo menos ainda não me ensinaram a fazê-los, apesar do meu pai adoptivo passar o tempo a dizer que é um milagre estarmos vivos, mas tenho a certeza que não fui eu a fazer esse milagre. Não, ele ainda não fez milagres, respondeu a mãe, pois nem o vinho e o pão ele multiplica, quanto mais curar os cegos e fazer andar os paralíticos! Ai são esses os milagres?, perguntou o miúdo, espantado, mas isso é tão fácil de fazer no mundo virtual, porque é que ele não vai pala lá aprender? Todos ficaram curiosos, até os gatos, que nunca se tinham apercebido que os tês miúdos estivessem a fazer milagres quando jogavam no computador. Sim, estamos, assegurou o miúdo, só não conseguimos trazeres do mundo virtual pala o real. Quando chegar a época da nossa hibernação, podes levar-nos para o mundo virtual, para continuarmos a viver?, perguntou o José, insatisfeito com a sorte que lhe cabia. Posso tentar, opinou o miúdo, mas quando é que isso vai acontecer, vocês hibernarem? Depois dos reis, respondeu José, quando me trazem as prendas a mim, depois do pai Natal trazer as vossas.
Tanto eu gostava de saber quais são as nossas este ano, exclamou o miúdo. Se me pedires com meiguice eu conto-te o que é que ele te vai trazer, sei isso por intuição, mas tenho acertado sempre, acrescentou a mãe. Diz-me, por favor, diz-me! Para ti vai trazer uma vassoura do Harry Potter, para a tua irmã uma varinha mágica e manto de tornar as pessoas invisíveis, para o teu irmão um capacete virtual, para poder viver tudo o que não pode no mundo real. Como o irmão mais velho tinha uma doença que não lhe permitia andar sem cadeira de rodas, o miúdo emocionou-se e achou que o Pai Natal este ano se tinha esmerado, aliás, como podia ele saber que o seu maior desejo seria voar de vassoura por cima dos prédios da cidade! A Vassoura voa mesmo, não é daquelas de fingir? Não, não é, é das que podes usar mesmo fora do mundo virtual, porque é preciso ter carta para andar de vassoura nem tens sequer de estudar o código, por isso todos podem vassourar, tens é de treinar pertinho do chão antes de te aventurares, que aquilo não tem pára-quedas! Mãe de Jesus, és tu a Maria Madalena? Não, sou só a Maria, a Madalena ainda não nasceu, Jesus vai apaixonar-se por ela e ela vai dar o nome a uma praia de Gaia, depois de ter ido para lá morar e ter tido a ideia de clicar uma ciclo via de Espinho até ao Porto. Ina, as coisas que tu sabes! Posso chamar os meus irmãos? Sim, claro, e o miúdo foi aos pulos para o quarto, feliz por já saber que prenda de natal iria te e por te sido o primeiro a deparar-se com a surpresa deste ano. Acordou os irmãos e até aos reis  passaram a dormir de manhã em vez de o fazerem durante a noite, para desfrutarem da companhia dos habitantes da cabana. O miúdo não conseguiu levá-los pala o mundo virtual, mas criou avatares iguaizinhos a eles e criou um presépio no Open Sim, para nunca se esquecer deles enquanto não chegasse novamente o Natal.
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