segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Hábitos e Moral...Cronica de Maria De Fatima Rodrigues


Hábitos e Moral

Das poucas coisas que nos distingue dos animais, aquelas que mais nos espantam e diferenciam, são a capacidade de raciocínio e a possibilidade de podermos escolher e decidir. Esse direito temo-lo desde que nascemos, sobretudo se vemos pela primeira vez a luz do sol num país livre e democrático, vai-se esbatendo, vai-se perdendo ao longo dos anos pela força da vida e das suas vicissitudes.
A vida vai-nos moldando, vai-nos modificando as escolhas e vai tentando conduzir-nos, muitas vezes, para onde não queremos ir. Verdades absolutas e insofismáveis levam-nos, em muitas ocasiões, a deixarmos de parte este poder de pensar e de sentir, passando a nossa preocupação a ser, única e exclusivamente, a nossa sobrevivência e a daqueles que nos estão mais próximos. Saltamos a fronteira, o comportamento deixa de ser pensado e exercido em termos de lógica humana, baseado em sentimentos, em normas e em critérios, para passar a ter uma objetividade instintiva, reagindo com base em necessidades e em interesses próprios. Ao pensarmos desta forma, equacionando o problema desa maneira, apercebemo-nos, então, do porquê de determinadas atitudes, de certos procedimentos. Percebemos, então que as pessoas sentem o que sentem, mas são levadas a agir em sentido completamente diverso. Verificamos que o ser humano se transformou, por forma a que pudesse garantir a sua sobrevivência e a dos seus, custe o que custar, doa a quem doer.
Esta capacidade, humana, apesar de tudo, de alterar o nível e a base do pensamento humano, torna-se mais notória, quando se ocupa um cargo público, quando o emprego se deve a um qualquer favor, quando a vida depende de terceiros.
Só assim se pode compreender o total alheamento de uma sociedade para com os seus próprios problemas, só assim se entende o porquê das pessoas se calarem quando lhes apeteceria flar, só assim se percebe até que ponto estão as pessoas dispostas a perderem a sua liberdade em troca da sobrevivência.
Será que a liberdade não é um preço demasiado elevado para que se possa pagar sem pensar?
Não será porventura, evidente que, com uma sociedade silenciada e amordaçada, sem capacidade de iniciativa, sem intervenção directa naquilo q lhes diz respeito, estaremos a construir um futuro (para nós, para os nossos e para os outros) amorfo e tristonho, demasiadamente simplificado e comodista?
Será que, ao acordar, não ficaremos surpreendidos por tudo aquilo que permitimos que fizessem sem que nos prenunciássemos?
Parece, pois claro e indesmentível que, a continuarmos na senda da sobrevivência nua e dura, adormecidos por um qualquer calmante de fortr poder sedativo, teremos a triste e (in)esperada surpresa de, ao acordarmos, verificarmos que a liberdade se perdeu e que o preço, pago por ela, foi demasiado elevado.
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